“ A vida mental do bébe é despertada e animada pelo desejo entusiástico, a paixão dos pais. Senão existir um investimento parental, a mente do bébe não se desenvolve…o instinto de vida esmorece…é uma sobrevivência apática e abúlica…”

Georges Mauco (1978)

domingo, 22 de abril de 2012

Terapia de casal, para que serve?

Relacionar-se afectivamente numa relação amorosa, além de saudável, é muito importante para a vida das pessoas. No entanto, saber conviver e partilhar a vida com outra pessoa de forma harmoniosa pode ser um grande desafio para muitos.

A vida a dois muitas vezes acaba em desgaste por pequenos desencontros do dia-a-dia, brigas constantes, pelas divergências de opinião, discussões sobre a relação que não levam a nada, por aquelas manias que o outro tem, intrusão da família de origem, desacordo na educação dos filhos, traições, portanto, são diversos os factores que se acumulam fazendo com que o casal se distancie. E, nos momentos de crise, o bom e velho diálogo, que é fundamental para qualquer relacionamento, acaba por ser algo bastante difícil.

Antes de colocar um ponto final num relacionamento estável ou no casamento, por causa dos problemas, procurar uma terapia de casal pode ser uma ajuda preciosa para encontrar um caminho que traga felicidade para os dois. A função da terapia de casal não é evitar a ruptura do casal, mas facilitar o encontro da melhor solução para ambos. Pode-se evitar um divórcio ou o casal pode decidir que não quer mais continuar a relação e que estão melhor sozinhos. 

Mas afinal a terapia de casal é eficaz?

Quando o assunto é o casal, a pergunta mais comum é “Terapia de casal funciona?” e se realmente dá resultados positivos. A terapia de casal funciona sim, mas é preciso saber desde o início que não existe uma fórmula mágica para salvar relacionamentos. A finalidade da terapia é fazer com que as pessoas parem tudo o que estiverem fazendo por algumas horas e tenham a oportunidade de rever a vida a dois, se dediquem a olhar para si, para a sua vida, repensem as suas atitudes e dificuldades, enfrentem os sentimentos que julgam difíceis de lidar e aprendam a respeitar-se no diálogo. 

É um espaço apropriado para facilitar o diálogo, com a ajuda de um profissional capacitado que escutará tudo atentamente. No entanto, a função do terapeuta de casal não é dar conselhos ou palpites na vida das pessoas. O terapeuta de casal irá ajudar a descobrir novas possibilidades na relação e a aprender a resolver os conflitos de forma assertiva. 

Não existe a altura indicada para começar a terapia de casal, mas é fundamental que, antes de tudo, o casal consiga reconhecer a insatisfação para evitar que as brigas e crises cheguem a um ponto extremo. A principal pista é saber reconhecer quando as brigas estão fazendo com que se perca o respeito.

Quem procura a terapia de casal deve saber também que o objectivo não é evitar o divórcio, e sim melhorar o relacionamento, tentar uma reconciliação. No entanto, nada impede que ambos cheguem à conclusão de que serão mais felizes separados. Nesses casos, mesmo que a dor seja inevitável, a terapia de casal ajuda as pessoas a enfrentarem a situação de forma menos traumática.

A terapia de casal é prolongada como as outras formas de terapia?

Não a terapia de casal é breve, cerca de 12 sessões com algum tempo de intervalo.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Pedagógia e bom senso, a receita para uma educação eficaz.

Não é fácil educar uma certeza que quase todos os pais têm. Há crianças fáceis que dão pouco trabalho, mas há outras que deixam os pais desesperados, logo desde que nascem. É comum os pais dizerem que o outro filho não lhes deu trabalho e que o mais novo é esgotante. Pois bem, apesar de poderem existir vários irmãos filhos dos mesmos pais, eles são pessoas diferentes, logo reagem de diferentes modos  requerendo outras formas de educação.
Não há pais perfeitos, nem educação ideal, mas há erros que podem ser evitados. O carinho e as regras são fundamentais na educação de todas as crianças. Muitas vezes pais culpabilizados pelo pouco tempo que passam com os filhos substituem o afecto por brinquedos caros. As crianças devem ser incentivadas a viver para o ser e não para o ter. Uma educação pautada por regras firmes mas justas e impostas com afecto é a garantia de estar a construir um ser humano saudável. Tudo isto utilizando a pedagogia do bom senso.
Alguns erros a evitar:
Compensar as ausências com presentes – O que conta é a qualidade do tempo que os pais passam com o filho. Vale mais uma hora diária (embora seja pouco) em que esteja totalmente com o seu filho do que um dia inteiro em que estejam juntos em casa mas a criança está entregue a si própria e à televisão ou computador. A tendência dos pais é fazerem-se substituir pelos presentes logo a criança passa a medir o afecto pelos presentes que recebe. 

Querer ser amigo em vez de pai ou mãe – os pais não são os melhores amigos dos filhos, esses estão lá fora. Há pais que acreditam que as crianças vão gostar mais deles se tiverem um comportamento de amigo em vez de pai. Nada mais errado. As crianças querem pais que sejam pais, que contenham, que estabeleçam limites. Ser amigo do filho vai levar a que a criança relativize as regras e os conselhos e fique confusa. Pais são pais, não são amigos.

Quebrar as regras impostas – as regras tem que ser explicadas e ser justas para que sejam eficazes. Uma regra aplicada de forma injusta e com autoritarismo é uma regra que deseduca. Dizer não é uma necessidade em educação. Muitas vezes os pais têm medo de dizer não. Se proibiu o seu filho de ver televisão durante um tempo não quebre a regra, o seu filho irá julgar que pode quebrar as regras. A nível social poderá trazer-lhe problemas um dia mais tarde. 

Fazer comparações entre filhos ou com outras crianças – é importante aceitar que as crianças têm ritmos diferentes e tempos de aprendizagem diferentes. Comparar com outro filho dizendo que o outro é ou foi melhor aluno, que o colega é mais inteligente porque tem melhores notas, cria sentimentos de frustração enormes. Deve aceitar o seu filho como ele é sem fazer comparações com os outros. Isso não impede que o incentive a ser uma pessoa melhor e mais bem preparada para a vida. Sem cair em exageros claro.

Fazer pelos filhos em vez de ensinar a fazer – as crianças precisam de experimentar a fazer as coisas. Aprende-se praticando. Errar e voltar a tentar é a única forma de aprender. Por vezes os pais não deixam os filhos falhar e fazem as tarefas por eles. O seu filho tem seis anos e quer tomar banho sozinho? Ainda bem, está a manifestar a sua autonomia e por isso deve ser incentivado.

Impor a perfeição aos filhos – nenhum filho é perfeito. Impor a perfeição sob pena da retirada do afecto ou de castigos é algo que cria um sentimento enorme de inferioridade. Um pai que nunca está satisfeito com as notas do filho (mesmo que o filho tenha tido 92% numa prova) é criar um sentimento de imperfeição e subir os parâmetros para níveis que levam sempre a uma grande insatisfação. Se o seu filho é um aluno médio ajude-o a aproveitar melhor as suas capacidades mas em exigir o impossível.
   
Proteger demasiado – Proteger demasiado uma criança para que não passe por frustrações medos ou fracasso poderá levar ao bloqueio da criança. Deixe-o experimentar e falhar. Ajude-o a lidar com as adversidades da vida e a defender-se. Proteger demasiado inibe a agressividade necessária à sobrevivência. 

Mostrar as próprias fragilidades à criança – mostrar as preocupações às crianças vai levar a um sentimento de insegurança enorme. Os filhos esperam pais fortes e capazes de os proteger. Mostrar uma imagem de pai ou mãe desvalorizado e pouco competente pode levar a criança a criar sentimentos de culpa. Poderá falar de alguns problemas mas sem sobrecarregar com moralismos ou culpabilidade. 

Desautorizar o pai ou a mãe em frente à criança – quando os pais se desautorizam estão a desvalorizar-se perante a criança. A criança deixa de respeitar ambos os pais. Mesmo que não concordem devem falar em privado e chegar a um consenso. As crianças aprendem a manipular os pais que não estão em sintonia. 

Não conversar com os filhos – para que a criança crie confiança é necessário que a comunicação seja aberta na família. Nunca deixe de responder às questões do seu filho e mantenha o canal de comunicação aberto para que ele recorra sempre que precise. 

Brincar com a criança – há pais que não brincam com os filhos, ou deixam de brincar cedo demais por acharem que isso infantiliza a criança. Brincar com os pais fortalece os laços entre pais e filhos e ensina o verdadeiro valor do afecto: a criança sente-se amada e apoiada. Programar brincadeiras e actividades em família é das coisas mais proveitosas que pode fazer pelo futuro do seu filho. 

Deixar a educação para a escola – na escola não se educa, espera-se que as crianças tragam educação de casa. A educação tem que ser feita pelos pais. A função do professor é ensinar. Os problemas de disciplina estão a aumentar pela demissão dos pais da educação dos filhos. Responsabilize o seu filho pelo seu comportamento na escola e não lhe permita faltas de respeito com os professores. Deixe isso bem claro. Exija do professor que ensine, não que ensine valores morais e de conduta, embora também o possa fazer. Se os pais não cumprirem o papel de educadores, o professor vai ter dificuldade em ensinar por ter que por limites e regras que já deveriam estar adquiridos.  
Sempre que não consiga lidar com a educação dos seus filhos, ou sinta que está a perder o controlo, deverá procurar ajuda. Por vezes numa única sessão consegue-se desmistificar a situação e ajudar a família. 

domingo, 15 de abril de 2012

Ciúmes na relação amorosa

De um modo geral considera-se que os ciúmes se encontram em estreita correlação com o amor de um sujeito a um objeto (o objeto amado em termos gerais; em concreto, a pessoa amada que, neste contexto, é objeto de ciúmes). Dizendo-o metaforicamente, é frequente - ou melhor, tem sido frequente - quantificar o amor pela pessoa amada mediante a intensidade dos seus ciúmes, chegando-se ao ponto de muitas vezes se duvidar do amor de alguém que diz estar enamorado e não sente ciúmes em relação ao objeto do seu amor (Amor sem ciúme, não é amor, Léautaud); ou de outra forma, "provocando-se ciúmes" ao enamorado para incrementar o desejo do objeto amado e que se consideram equiparáveis à intensidade do amor.

Esta "teoria" dos ciúmes é partilhada por quantos se sentem ou julgam sentir amados pelo sujeito ciumento: é-lhes gratificante, nesses momentos, transformarem-se em dominadores da situação e manipulam o ciumento com o seu galanteio. Alem disso, é vulgar que usem de algum tipo de chantagem e sem o expressar se façam “comprar” por ele colocando o seu preço cada vez mais alto. Não há duvidas que algumas pessoas adotam uma estratégia comportamental bastante eficaz para que surjam ciúmes no parceiro. 

Por outro lado, muitas vezes e, na sua maioria, o objeto de desejo converte-se num autentica vitima do ciumento (numa relação que dura anos e que já não é inspirada pelo desejo do objeto e que se tem constantemente ao lado) não sendo esses ciúmes inspirados pelo amor, mas sim por outra questão. O que inspira os ciúmes não é o amor mas sim o ódio, pois as vitimas dizem ter motivos suficientes para sentirem que o ciumento não os ama, e que fora dos momentos de angustia suscitados pelos ciúmes sentem e demonstram uma verdadeira indiferença afetiva pelo outro. É esta a dinâmica dos ciúmes numa relação triádica uma vez que só se pode falar de ciúmes quando aparece um terceiro elemento, o rival que compete com o ciumento pela propriedade do objeto amado. Não raras vezes o ciumento alucina essa relação, que faz parte da sua imaginação, conduzindo-se à loucura a si e ao outro, num delírio psicótico destrutivo.

A loucura é uma forma de existência. Como é o da prudência. Mas além disso, é um projeto de existência para o louco e, por isso, a sua razão de viver, o que dá sentido à sua vida. Assim, só sabe existir desta forma, tentando encontrar em todos os gestos do outro motivo que justifique o seu ciúme e, quando o louco encontra motivos para a sua loucura tudo fica menos angustiante e a vida passa a ser mais suportável.

Não é concebível amar - desejar a posse total de alguém - sem a angústia que suscita a insegurança em relação à própria posse. E também a ulterior angústia de que esse objeto, que neste momento cremos possuído, porque declara amar-nos, possa perder-se posteriormente, quer porque deixe de amar-nos, quer, o que é pior, porque, além disso, nos possa ser subtraído por amor a um terceiro.

Toda a relação, desde a mais precoce (com a mãe) requer segurança, a base da construção futura da personalidade. Somos mais ou menos seguros, conforme o que experimentamos ao longo dos nossos primeiros anos de vida. Se tivemos relações de segurança com as nossas figuras de referência então seremos adultos seguros. Se isso não aconteceu, poderão estar criadas as condições para mais tarde sobressair uma estrutura de personalidade insegura, ciumenta e maltratante na relação com o objeto amado nas relações adultas.

No entanto, as nossas relações na vida social são quase sempre baseadas em graus de confiança mínima, mas que não apresentam níveis de desconfiança exacerbados. Podemos assim, mediante essa confiança mínima, realizar coisas e estabelecer relações sem que nos sintamos perseguidos ou ciumentos. Mas, o sujeito ciumento apresenta graus de desconfiança que chegam a rondar a paranoia, quando pensa que perdeu a posse do objeto. Não é o pensar que não é amado que causa os ciúmes, mas sim a perda da posse do objeto (com imagina ter uma relação fusional) isso sim é enlouquecedor, podendo em grau extremo, quando o ciumento (aplica-se a ambos os sexos) alucina e passa para estados psicóticos levar à morte do objeto e do sujeito num ato de loucura. Os crimes passionais têm por base uma estrutura de personalidade paranoide e psicótica onde a desconfiança, a incerteza e a insegurança crescem dia a dia, até à passagem ao ato: a morte do objeto de deixa assim de pertencer ao outro.

Não há ciúmes normais. Os ciúmes são anómalos ainda que sejam frequentes e pouco intensos. Por mais frequentes que sejam nas relações interpessoais, especialmente os que se revestem em relação amorosa, são sempre reveladores de uma situação não superada pelo sujeito. Acima de tudo é uma situação crónica que vai subindo a gradação dos ciúmes, insuperáveis e incuráveis na sua maioria, por não serem considerados pela sociedade uma situação de doença. É uma doença. Não é só considerado doença a partir de um certo grau, aliás quem tem autoridade para falar disso são as vitimas que sabem quando já não suportam mais, mas essas, raramente vão a consultas de psicologia ou psiquiatria para que possam falar disso. Amor, ciúmes, loucura e morte estão separados por muito pouco, coexistindo na vida de muitos casais de todas as orientações sexuais, tornando-a num inferno onde por vezes não é possível escapar, levando à morte lenta de vidas que ficam suspensas no delírio de alguém. Se é vítima ou portador de ciúmes incontroláveis procure ajuda, ainda pode estar a tempo de interromper o ciclo patológico de amor. A terapia de casal e individual é uma solução para problemas ao nível da relação de casal.

sábado, 14 de abril de 2012

Depressão e tratamento

A depressão é uma doença do foro psicológico que afecta todo o organismo humano, ou seja, afecta o físico e o psíquico. Assim, a pessoa deprimida poderá ter sintomas físicos que por vezes são diagnosticados como sendo outras doenças, conduzindo a que a pessoa passe anos a correr de médico para médico, fazendo todo o tipo de exames de diagnóstico que nunca dão nada, podendo tornar-se ao longo dos anos num doente crónico. O que acontece muitas vezes é as depressão ser diagnosticada como sendo uma fibromialgia (a fibromialgia é uma depressão major com somatizações) e a pessoa ser medicada com analgésicos e antidepressivos durante os períodos em que as somatizações estão mais presentes, ou seja, quando a pessoa está gravemente deprimida. Esses sintomas físicos podem ser:
·         Dores de cabeça, nos membros superiores e inferiores, dorso, formigueiros no corpo, extremidades e cabeça, dores de estômago e transtornos intestinais.
·         Sensação de esvaimento
·         Insónias recorrentes
·         Fadiga
·         Falta de apetite ou apetite excessivo
Por outro lado existem sintomas psicológicos que são marcadores da depressão. Esses sintomas são:
·         Sentimentos de culpa (a pessoa sente-se culpada de tudo, atribui a si a culpa de tudo o que acontece à sua volta.
·         Baixa autoestima ( está desvalorizada e sente que ninguém a aprecia)
·         Falta de desejo sexual ( perde o interesse no companheiro(a) podendo esse facto ser motivo de discórdia no casal agravando mais o estado da pessoa)

As pessoas deprimidas apresentam um ar descuidado e perderam o interesse na vida.
 São estes os principais sintomas de depressão. No entanto é necessário distinguir entre tristeza e depressão, uma vez que a tristeza è pontual e sempre relacionada com algum acontecimento de vida (morte de familiar, perda de emprego, conflitos interpessoais entre outros) e, quando resolvido o problema, a tristeza cessa.

A depressão é uma doença relacionada com a falta de afecto (amor) e ao contrário do que as farmacêuticas querem fazer crer, tem tratamento sem medicação, em todas as idades. Claro que o prognostico é tanto mais favorável quanto mais cedo for detectada. Num jovem deprimido as melhoras são rápidas, numa pessoa com mais de cinquenta anos poderá levar mais um tempo. 

Porque é que as pessoas ficam deprimidas?

Porque numa fase da sua vida ( na infância) se sentiram pouco amados, valorizados e até injustiçados. Essa magoa que vai crescendo com a pessoa, um dia atinge o pico da dor mental e faz com que a pessoa adoeça. Os sintomas físicos e psicológicos aparecem.  A expressão biológica da doença são as alterações neuronais que tem expressão somática ( no corpo) o que faz com que se pense que a doença é física. Também é, mas sobretudo é psíquica. O depressivo adoeceu por ter tido uma relação afectiva pobre, carente de afecto e rica em desvalorizações e culpabilidade.  Adoeceu pela relação e cura-se pela relação, uma relação terapêutica oblativa (que dá) e promotora de autonomia. Por isso ,o tratamento da depressão tem sempre que incluir psicoterapia que pode ser de várias correntes (psicanalítica, comportamental, cognitiva, construtiva…) não estando uma mais certa que a outra, mas devendo a pessoa escolher aquela que lhe faz mais sentido. Nem todas as pessoas se adequam a todos os tipos de terapia.
Na avaliação do caso o psicoterapeuta credenciado (Membro de uma Sociedade Cientifica) deverá perceber qual o tipo de terapia que se aplica ao paciente e esclarece-lo sobre os diversos tipos de tratamento. Se perceber que o paciente não se enquadra na terapia em que tem formação e a qual pratica, deverá encaminhar para um colega da área.
Portanto, o tratamento da depressão é feito com psicoterapia e eventualmente com antidepressivos, se for necessário, porque está comprovado cientificamente que ao fim de algumas sessões de psicoterapia há uma redução significativa dos sintomas físicos e psicológicos.
Outro mito que importa esclarecer é o referente às terapias alternativas. Dizer que fazer acupunctura, reiki, ioga, correntes, entre outras ofertas que proliferam no mercado, a pessoa se está a curar da depressão, é falso. Essas terapias poderão ser aconselhadas a quem não tem qualquer tipo de problema. A depressão é um problema mental e como tal é tratado por técnicos de saúde mental (psicoterapeutas e psiquiatras), nunca por outro tipo de terapias. O risco de enveredar por terapias alternativas é um preço alto a pagar, uma vez que o problema se poderá agravar e vai gastar dinheiro à toa.  A depressão é uma doença que poderá levar ao suicídio, como tal, familiares e amigos deverão estar atentos quando detectarem sinais em alguém próximo, e encorajar a pessoa a procurar tratamento.
A depressão não passa com o tempo, tende a agravar-se até que o ciclo seja interrompido num tratamento psicoterapêutico, numa relação terapêutica contentora, aberta e promotora do crescimento mental, como refere Coimbra de Matos(2001) .
Quanto mais cedo se detectar a doença mais fácil e rápido é o tratamento, sendo a remissão dos sintomas, por vezes até bastante rápida. Não dê conselhos generalistas a pessoas deprimidas do tipo “ Deixa lá, amanha tudo melhora”, isso só aumenta a desesperança da pessoa, que já perdeu a fé em tudo, sobretudo nas pessoas. Não incentive a ler livros de auto-ajuda tipo “O segredo”, livros desse género pioram a auto-estima pessoal, uma vez que deixam claro que a pessoa muda se quiser. Ninguém muda a forma de pensar sozinho, quando está deprimido. A mudança terá sempre que ser feita com uma nova relação, a relação psicoterapêutica (paciente e psicoterapeuta) e num espaço de relação diferente. 
É um tratamento que requer um investimento de tempo e de dinheiro?
É, mas se pensar nas horas de trabalho que a pessoas perde por ano por estar doente, na degradação da saúde física e mental, na solidão que vai tendo porque os outros se afastam, então é um "seguro de saúde" que fica para o resto da sua vida. A psicoterapia é um investimento com garantias de sucesso.   
Quanto tempo pode durar uma psicoterapia?
Depende do que a pessoa quer alcançar. A remissão dos sintomas faz-se em poucos meses. A consolidação dos resultados pode ir até uma ano ou mais. 
Outra alternativa é a pessoa fazer uma psicoterapia breve ( cerca de 20 sessões) e atingir um nível de funcionamento bom que lhe permita viver bem. É um tratamento mais curto e mais focalizado nos sintomas.

Se esse é o seu caso procure ajuda.

domingo, 8 de abril de 2012

Ansiedade da criança e do lactente

A emergência ansiosa constitui para a criança, assim como para o adulto, a porta de entrada para a maioria dos comportamentos psicopatológicos. 
A ansiedade de separação, dita desenvolvimental, uma vez que quase todas as crianças a manifestam sempre que existe um afastamento da mãe (transição para a pré-escola, infantário) é muita vez confundida com a angústia de separação, dita patológica e, na verdade são duas coisas diferentes.
A ansiedade é um afecto penoso associado a uma atitude de espera de um acontecimento imprevisto mas vivido como desagradável.
A angústia é uma sensação de extremo mal-estar acompanhada de manifestações somáticas (dores de barriga, vómitos, dores de cabeça, dificuldades em dormir) e nos bebés traduz-se por noites agitadas com choro intenso ou intermitente, dificuldade em aninhar-se no colo materno, recusa do alimento e doenças físicas frequentes.
O medo (ligado à ansiedade e à angustia) traduz-se por uma emoção de extrema ansiedade e angustia normalmente associado a um objecto ou situação precisa e que se deve a situações de experiência vivida ou de educação.
Nas crianças pequenas sinais de ansiedade passam muitas vezes despercebidos aos pais e são desvalorizados na sua maioria podendo mesmo ser confundidos com caprichos. 

Os sinais de ansiedade e angústia graves são:

Receios com o futuro, medo de acidentes, irritabilidade, cólera, recusa escolar, exigência de ter um adulto por perto, de ser tranquilizada, receios a propósito de atitudes passadas (“ fiz mal…”), desvalorização, culpabilidade, palpitações, taquicardia, dores no troco e abdominais, náuseas. Estes sintomas podem aparecer em crises agudas sempre que haja uma mudança na vida da criança. 

No lactente os sintomas são: gritos e choro intenso com descargas motoras desorganizadas, hipervigilancia (rosto imóvel, silencioso, atento como se tivesse congelado), projecção da cabeça para traz ou do tronco quando o adulto tenta acalmar a criança, incapacidade de anichar-se no colo do adulto apesar dos esforços deste. 

Os sintomas somáticos no bebé são sobretudo anorexia (recusa em alimentar-se), cólicas intensas, e sobretudo dificuldades, por parte do bebé em encontrar um ritmo de sono regular, podendo surgir as famosas más noites que os pais falam e esperam que passe com o tempo atribuindo o facto ao mau feitio da criança. 

Tratamento – em ambas as situações, criança pequena e lactente o tratamento adequado é um trabalho psicoterapêutico (feito por um psicoterapeuta treinado) de maternagem (ajuda à mãe na interacção com o bebé), ou, se a criança for mais crescida ( 4,5,10…anos) uma psicoterapia de algum tempo para que na vida adulta a criança tenha uma qualidade vida melhor e , até, evitar problemas escolares e de integração social futuros.  Se a ansiedade não for tratada a criança será um adulto ansioso e deprimido na maioria das situações.