“ A vida mental do bébe é despertada e animada pelo desejo entusiástico, a paixão dos pais. Senão existir um investimento parental, a mente do bébe não se desenvolve…o instinto de vida esmorece…é uma sobrevivência apática e abúlica…”

Georges Mauco (1978)

domingo, 8 de abril de 2012

Ansiedade da criança e do lactente

A emergência ansiosa constitui para a criança, assim como para o adulto, a porta de entrada para a maioria dos comportamentos psicopatológicos. 
A ansiedade de separação, dita desenvolvimental, uma vez que quase todas as crianças a manifestam sempre que existe um afastamento da mãe (transição para a pré-escola, infantário) é muita vez confundida com a angústia de separação, dita patológica e, na verdade são duas coisas diferentes.
A ansiedade é um afecto penoso associado a uma atitude de espera de um acontecimento imprevisto mas vivido como desagradável.
A angústia é uma sensação de extremo mal-estar acompanhada de manifestações somáticas (dores de barriga, vómitos, dores de cabeça, dificuldades em dormir) e nos bebés traduz-se por noites agitadas com choro intenso ou intermitente, dificuldade em aninhar-se no colo materno, recusa do alimento e doenças físicas frequentes.
O medo (ligado à ansiedade e à angustia) traduz-se por uma emoção de extrema ansiedade e angustia normalmente associado a um objecto ou situação precisa e que se deve a situações de experiência vivida ou de educação.
Nas crianças pequenas sinais de ansiedade passam muitas vezes despercebidos aos pais e são desvalorizados na sua maioria podendo mesmo ser confundidos com caprichos. 

Os sinais de ansiedade e angústia graves são:

Receios com o futuro, medo de acidentes, irritabilidade, cólera, recusa escolar, exigência de ter um adulto por perto, de ser tranquilizada, receios a propósito de atitudes passadas (“ fiz mal…”), desvalorização, culpabilidade, palpitações, taquicardia, dores no troco e abdominais, náuseas. Estes sintomas podem aparecer em crises agudas sempre que haja uma mudança na vida da criança. 

No lactente os sintomas são: gritos e choro intenso com descargas motoras desorganizadas, hipervigilancia (rosto imóvel, silencioso, atento como se tivesse congelado), projecção da cabeça para traz ou do tronco quando o adulto tenta acalmar a criança, incapacidade de anichar-se no colo do adulto apesar dos esforços deste. 

Os sintomas somáticos no bebé são sobretudo anorexia (recusa em alimentar-se), cólicas intensas, e sobretudo dificuldades, por parte do bebé em encontrar um ritmo de sono regular, podendo surgir as famosas más noites que os pais falam e esperam que passe com o tempo atribuindo o facto ao mau feitio da criança. 

Tratamento – em ambas as situações, criança pequena e lactente o tratamento adequado é um trabalho psicoterapêutico (feito por um psicoterapeuta treinado) de maternagem (ajuda à mãe na interacção com o bebé), ou, se a criança for mais crescida ( 4,5,10…anos) uma psicoterapia de algum tempo para que na vida adulta a criança tenha uma qualidade vida melhor e , até, evitar problemas escolares e de integração social futuros.  Se a ansiedade não for tratada a criança será um adulto ansioso e deprimido na maioria das situações.

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