“ A vida mental do bébe é despertada e animada pelo desejo entusiástico, a paixão dos pais. Senão existir um investimento parental, a mente do bébe não se desenvolve…o instinto de vida esmorece…é uma sobrevivência apática e abúlica…”

Georges Mauco (1978)

domingo, 22 de dezembro de 2013

Ataques de pânico na adolescência


O pânico é uma ansiedade aguda e extrema que é acompanhada por sintomas fisiológicos e pode surgir na adolescência.

Os ataques de pânico podem ocorrer em qualquer tipo de ansiedade, geralmente como resposta a uma situação específica relacionada com as principais características da ansiedade. Por exemplo, uma pessoa com fobia às aranhas pode entrar em pânico quando encontra uma delas. No entanto, estas situações de pânico diferem das que são espontâneas, não provocadas e que são as que definem o problema como pânico patológico.

Os ataques de pânico são frequentes: mais de uns terços dos adultos manifestam-nos todos os anos. As mulheres são entre duas a três vezes mais propensas a ter ataques de pânico. A perturbação de pânico é pouco corrente e diagnostica-se em pouco menos de 1 % da população. O pânico patológico começa geralmente na adolescência tardia ou cedo na idade adulta.

O ataque de pânico geralmente está associado a outras perturbações da ansiedade tais como fobias (fobia social, agorafobia, fobia especifica) perturbação aguda de stress, perturbação obsessiva compulsiva, ansiedade induzida por substâncias.
A característica essencial de um ataque de pânico é um período distinto de desconforto ou medo intensos, acompanhado por um conjunto de sintomas somáticos e cognitivos.

O ataque de pânico desenvolve os sintomas de forma abrupta e atinge o seu pico em dez minutos.
Os sintomas de um ataque de pânico são os seguintes:
Palpitação, suores, estremecimentos ou tremores, dificuldade em respirar, sensação de sufoco, desconforto ou dor no peito, náuseas ou mal-estar abdominal, sensação de tontura, de desequilíbrio, de cabeça oca ou de desmaio, desrealização, sentir-se desligado de si próprio, medo de perder o controlo ou enlouquecer, medo de morrer, entorpecimentos e formigueiros, sensação de frio ou de calor.

Causas do pânico
A teoria psicanalítica afirma, depois de mais de cem anos de investigação, que as crises de pânico têm origem no escape de processos mentais inconscientes até então reprimidos. Quando existe no inconsciente uma ideia, um desejo, ou uma emoção com o qual o indivíduo não consegue lidar, as estruturas mentais trabalham de forma a manter esse processo fora da consciência do indivíduo. Contudo quando o processo é muito forte ou quando os mecanismos de defesa enfraquecem, os processos reprimidos podem surgir "sem autorização" na consciência do indivíduo pela crise de pânico. A mente nesse caso trabalha no sentido de mascarar a crise de tal forma que o indivíduo continue sem perceber conscientemente o que de fato está acontecendo consigo.
Por exemplo o indivíduo tem uma atracção por uma pessoa com quem não pode estabelecer contacto. Este desejo então fica reprimido porque a real manifestação dele causaria intensa repulsa, raiva ou nojo de si próprio. Para que esses sentimentos negativos permanecem longe da consciência a estrutura mental do indivíduo mantém o desejo reprimido. Caso esse desejo surja apesar do esforço por reprimir, o aparelho mental transforma o desejo noutra imagem, podendo esta ser uma crise de pânico. Uma vez que o equilíbrio mental foi ameaçado o funcionamento mental inconsciente transforma o conteúdo da repressão numa crise de pânico. As situações de desamparo (real ou imaginário) vividas na infância estão também na origem da ansiedade e do pânico.

Existem outras correntes teóricas explicativas do pânico e da ansiedade, bem como diversas terapias que ajudam na cura desta doença.

Tratamento do ataque de pânico

O tratamento do pânico em situações paralisantes deve ser feito com a ajuda de psicofármacos, para que o alívio dos sintomas seja imediato. Mas, para além da medicação, a psicoterapia psicanalítica pode ajudar a resolver qualquer conflito psicológico subjacente aos sentimentos e aos comportamentos ansiosos. 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Depressão em crianças

Embora estejamos cada vez mais familiarizados com o tema da depressão, raramente ouvimos falar de crianças deprimidas. Mas isso não significa que esses casos não existam.
Estima-se que esta perturbação atinja 4 a 8% das crianças e sabe-se que esta incidência tende a subir na adolescência.

A depressão infantil ocorre, em 20% dos casos, em crianças na faixa etária entre 9 e 17 anos, e é causada geralmente, por dificuldades de relacionamentos com a própria família, na escola ou em outros locais que frequentam.

Mas o número mais alarmante diz respeito ao facto de esta ser uma realidade que tende a passar despercebida aos olhos de 70% dos pais.

“Como é que isso é possível?”. Apesar de algumas crianças manifestarem a sua depressão através dos sintomas clássicos (tristeza, pessimismo, ansiedade, etc.), a maioria fá-lo de forma atípica, o que dificulta o diagnóstico.


Assim, na maior parte dos casos, as alterações mais visíveis tendem a confundir-se com rebeldia: irritabilidade, agressividade, hiperatividade e/ou diminuição do rendimento escolar.
Esta manifestação atípica impede muitos pais de perceberem a origem dos problemas e, assim, darem uma resposta eficaz.
O grito de alerta tende a surgir aquando do aparecimento de alterações menos expectáveis, como o medo da morte (conversas recorrentes sobre o tema), sentimentos de culpa e de inutilidade e retrocessos, como a encoprese ou a enurese (defecar ou urinar na roupa ou na cama).
É necessário que nos consciencializemos de que a depressão infantil existe e pode ser grave! Infelizmente, nem todas as crianças são felizes e despreocupadas!

Tentando clarificar melhor os Sintomas que podem servir de alerta aos pais…
A depressão manifesta-se consoante a idade da criança.

Primeira Infância (0 a 2 anos): a depressão nos bebés manifesta-se por, uma recusa acentuada da criança em alimentar-se; um atraso no crescimento, no desenvolvimento psicomotor, da linguagem; perturbação do sono e afecções somáticas (A criança que está muitas vezes doente, faz febres, gripes, viroses com muita frequência!)

Idade pré-escolar (2 a 6 anos): nesta fase a perturbação depressiva, manifesta-se mais por distúrbios de humor (grandes birras, ou grande euforia momentânea substituída rapidamente por grande tristeza e apatia) distúrbio vegetativo (em que a criança não sabe nem gosta de brincar, isola-se muito e fica muito parada no seu canto. Não se interessa por nada).
Nesta fase pode ainda verificar-se comportamentos regressivos a todos os níveis, nomeadamente a nível esfincteriano (podem voltar a fazer cocó e chichi nas cuecas ou na cama), motor e de linguagem.

Idade Escolar (6 a 12 anos): Entre os seis e os oito anos, o quadro depressivo caracteriza-se por tristeza prolongada, ansiedade de separação (a criança que não quer deixar a mãe para ir para a escola) e sintomas psicossomáticos (dores de cabeça, dores de barriga, diarreias, febres).
As crianças com mais de oito anos expressam os seus sentimentos depressivos através de baixa autoestima, ideias auto- depreciativos, sintomas psicossomáticos, baixa de energia, desinteresse e desespero.
A depressão manifesta-se muitas vezes através das dificuldades escolares, ao nível da ansiedade, do desinteresse, das dificuldades da concentração intelectual e dos problemas de comportamento, para além dos problemas alimentares e de sono. Podem também surgir queixas psicossomáticas. Pode ainda verificar-se um aumento da agressividade, grande irritabilidade, com envolvimento da criança em conflitos com os pares.
Um outro sintoma que pode ocultar também uma depressão é a “hiperatividade”, as crianças muito irrequietas, que não conseguem manter um mínimo de atenção nem de concentração.
Prevenção
Em vez de prevenção, podia estar escrito amor.
Os pais são os melhores atores na prevenção da depressão infantil, dando-lhes o seu amor e carinho, bem como compreensão e amparo e transmissão de confiança.
Tratamento
Como podem os pais ajudar….
Numa primeira fase, o papel dos pais passa por tentar perceber e empatizar com as dificuldades da criança, mesmo que estas pareçam insignificantes. Por exemplo, a mudança de casa ou de escola acarreta mais medos e angústias do que os adultos possam imaginar. Deve existir um ambiente de confiança, propício a que a criança se sinta à vontade para explorar as suas dificuldades. Os pais devem incentivar a criança a falar e entender os seus receios.
Quando recorrer ao psicólogo…
É pois importante que os pais estejam atentos às ALTERAÇÕES REPENTINAS do comportamento e do humor dos filhos.
Se estas alterações se prolongarem por mais de duas semanas, sem que haja uma causa identificável, é importante pedir ajuda de um Psicoterapeuta.
Tal como acontece noutras circunstâncias, os pais podem sentir-se incapazes de dar resposta a este tipo de problemas, pelo que a intervenção de um especialista passa a ser imprescindível.
No entanto é importante salientar que as crianças, pelo facto de ainda estarem em desenvolvimento são mais flexíveis, permeáveis, e aderem muito bem à psicoterapia o que permite uma evolução muito rápida no tratamento e um elevado grau de confiança no sucesso da intervenção.

A Psicoterapia com crianças é diferente da psicoterapia com adultos. A Psicoterapia com crianças inclui conselhos educativos e explicações; recurso aos jogos, às brincadeiras e ao desenho; a atitude do psicoterapeuta é mais participativa.

Com as crianças o ritmo das sessões é variável, de acordo com a tolerância da criança.
Na Psicoterapia com crianças é necessário o envolvimento dos
pais na terapia, pelo que além do trabalho com a criança é necessário também sessões com os pais.



terça-feira, 5 de março de 2013

Terapia de casal e familiar


A terapia familiar e de casal visa a análise e restabelecimento dos vínculos entre os membros da família ou casal. O vivido transgeracional ( o que passou de geração em geração) pode ser um obstáculo às vivências saudáveis de um casal ou família.

 Dentro da família temos vários sistemas; por um lado temos o casal que unido por um vinculo de amor; por outro temos os irmãos unidos por vínculos fraternos; e por ultimo pais e filhos unidos por vínculos de amor maternal e paternal. Este deve o quadro de uma família com vínculos saudáveis.

Quando os vínculos do casal são disfuncionais (agressões verbais e físicas, manipulações e ciúmes entre outros) o casal não funciona de forma saudável: é portador de uma patologia. Essa forma patológica de existir causa sofrimento aos dois membros. Cabem nesta descrição os casais heterossexuais e homossexuais.

Quando os vínculos paternos e maternos com filhos são disfuncionais (dificuldades de comunicação, confusão de linguagem, falta de afecto, agressividade entre outras), a relação pais/filhos está comprometida num nível saudável.

Para que o sistema familiar seja saudável é necessário que casal e filhos coexistam em harmonia; embora nada seja isento de conflito; o conflito é necessário para regular a interacção com os outros. Não se entenda conflito como sinónimo de agressividade, mas sim , como modo de evoluir para um patamar de relacionamento saudável.

Sempre que um destes sistemas falha ( vida conjugal, relação filial) o sistemas familiar entra em colapso. Nesta altura é conveniente procurar ajuda para que a normalidade das relações seja estabelecida.
 Os conflitos familiares não passam com o tempo,( apenas se esbatem para mais tarde se reavivarem) e podem ser um entrave às futuras gerações, pois o tipo de relação tende a passar através de gerações, repetindo-se no seu “teatro” geração após geração.